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Empreendedor convidou em 1963 um grupo de amigos, incluindo jovens, para fundar uma nova empresa de equipamentos

Publicado por NSC – Estela Benetti

O tráfego flui mais rápido no coração do distrito industrial Norte de Joinville, na maior concentração industrial do Estado de Santa Catarina. Isso passou a ser possível com a inauguração, sábado (9 de março), de elevado construído pelo governo do Estado, que recebeu o nome de um dos fundadores de empresa bilionária vizinha da obra, a Schulz SA. O homenageado (in memoriam) é Heinz Schulz, que articulou a fundação da indústria em 1963, que no ano passado (2023) alcançou receita operacional bruta (RO) de R$ 2,3 bilhões.

Entre os presentes na inauguração, ao lado do governador Jorginho Mello, estavam o presidente da Schulz, Ovandi Rosenstock, e a família de Heinz Schulz, representada pelos seus três filhos: Waldir Carlos Schulz, vice-presidente da empresa, Gert Heinz Schulz, membro do conselho de administração, e Eliana Erna Schulz.

Gert Heinz Schulz (E), Eliana Erna Schulz e Waldir Carlos Schulz, na inauguração do elevado, ao lado do governador Jorginho Mello e do presidente da Schulz, Ovandi Rosenstock (foto: Eduardo Valente)

Também participaram do evento a vice-governadora Marilisa Boehm, o prefeito de Joinville Adriano Silva, a presidente da Associação Empresarial de Joinville, Margi Loyola e outras autoridades.

Heinz protagonizou bela história empreendedora

Hoje uma companhia com presença global, nos mercados de mais de 70 países com a venda de compressores de ar e autopeças de alto padrão, 3,5 mil empregos diretos, a Schulz teve um início interessante, me contou Ovandi em entrevista no ano passado, quando a empresa fez 60 anos.

Segundo ele, Heinz Schulz trabalhava na Fundição Tupy, como técnico metalúrgico. Mas já pensava em ter um negócio próprio. Iniciou uma pequena fundição no quintal de casa, onde fazia utensílios domésticos e agrícolas.

Além de dirigir a empresa, Heinz estava atento à comunidade. Foi bombeiro voluntário e vereador (foto: acervo familiar)

Quando decidiu empreender mesmo, escolheu um profissional com habilidade comercial para ser sócio. Ovandi tinha 18 anos e era gerente geral de vendas da maior fábrica de espulas e lançadeiras da América Latina. Heinz o procurou um dia e disse:

– Ovandi, eu sei produzir, você sabe vender. Vamos montar uma empresa?

Ovandi aceitou e Heinz também o convidou para ingressar como sócio e diretor comercial. Com isso, além de Ovandi, Heinz convidou um grupo de amigos para integrar a sociedade. Incluiu o filho mais velho, o Gert Heinz Schulz, mais Ronald Braatz, Herbert Theilacker, Norberto Rtizmann e Guilherme Urban. O filho mais novo de Heinz, Waldir Carlos Schulz, hoje vice-presidente, não pode participar porque tinha apenas 13 anos. Ele ingressou 10 anos depois na sociedade, já graduado em economia.

A companhia foi fundada em 12 de junho de 1963. Heinz Schulz, com experiência em metalurgia, liderava a produção. A empresa começou fazendo produtos para terceiros, mas logo passou a fazer os próprios produtos. Os primeiros foram tornos de bancada para o setor metalmecânico.

Conforme Ovandi, em 1972 foi feita a primeira diversificação, com o ingresso na produção de ar. Foi um sucesso e a empresa seguiu avançando, inclusive com a compra de fabricas concorrentes. Em 1991, iniciou a produção de compressores de ar a parafuso. Há décadas, a Schulz é líder em compressores de ar na América Latina e uma das maiores fabricantes do mundo.

Em mais um passo para diversificar, em 1980 a empresa entrou no segmento automotivo. Se tornou referência global em autopeças para caminhões, máquinas agrícolas, máquinas para infraestrutura (linha amarela) e outros equipamentos pesados.

Mentor não viu a pujança da empresa

Ovandi observa que Heinz Schulz foi o grande idealizador e líder da empresa, mas não pôde ver a pujança dela porque faleceu ainda jovem, com 52 anos, em 1975.

– Heinz Schulz foi o grande mentor dessa ideia, infelizmente não conseguiu ver como ficamos grandes e pujantes. Era um empreendedor nato e sempre teve um grande relacionamento comigo. Ele me procurou e, a partir daí, já saiu a Metalúrgica Schulz S/A. E, em outubro de 1994, nós nos transformamos numa companhia de capital aberto, com ações na bolsa de valores, hoje a B3 – contou o atual presidente.

O empresário Heinz Schulz, mentor da empresa, que faleceu ainda jovem, aos 52 anos (foto: acervo familiar)

De acordo com Ovandi, ele e Heinz dirigiam a empresa juntos, com muita confiança um no outro, muitos desafios foram vencidos com união, honestidade, sensibilidade e idoneidade. Além de cuidar da empresa, Heinz atuava em favor da comunidade. Foi bombeiro voluntário de Joinville e vereador pelo antigo partido UDN.

Ovandi revela também que nem ele, nem Heinz imaginavam que a empresa iria se tornar essa gigante, com presença global, produtos e peças em quase todos os países do mundo. Mas admite que ambos sempre foram visionários, de fazer produtos de qualidade e buscar a liderança. O momento atual é resultado disso.

A Schulz é uma empresa que investe constantemente no aprimoramento da formação de seus colaboradores. Possui, há mais de 15 anos, a Escola Schulz de Educação Corporativa, eleita no Senai em Brasília, na época, como a melhor escola corporativa do país. Por isso e por programas de incentivos internos, a Schulz é, talvez, uma das poucas empresas que não possui dificuldades em ter disponibilidade de mão de obra.

A companhia já anunciou para seus colaboradores que irá distribuir mais de R$ 40 milhões de PPR (remuneração por resultado) a eles em função dos bons resultados alcançados em 2023. A Schulz também coleciona reconhecimentos pela qualidade que oferece aos mercados. Sua matriz fica em uma das esquinas do entroncamento rodoviário onde está o novo elevado Heinz Schulz.

Eliana Erna Schulz ao lado do governador Jorginho Mello e da vice-governadora Marilisa Boehm, durante o descerramento da placa inaugural (foto: Eduardo Valente, Secom)

Elevado melhora o tráfego da região

O elevado Heinz Schulz recebeu investimento de R$ 20 milhões do governo do Estado. Tem 440 metros de comprimento e integra trecho duplicado das rodovias Edgar Meister e Hans Dieter Schmidt. O projeto foi elaborado pela Associação Empresarial de Joinville (Acij) e pago por um grupo de empresas, entre as quais a Schulz, que foi a primeira a aderir à chamada de capital para esse elevado tão necessário para o escolamento e a melhora geral da logística.

Além de dar agilidade para o transporte de cargas, o elevado também facilita o trânsito para os trabalhadores, universidades sediadas na região e melhora o fluxo de todo Norte da maior cidade catarinense, que fica às margens da BR-101.

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